Literacia financeira nas mulheres
- Publicado em 08 março 2023
Segundo um estudo realizado pelo Banco Central Europeu, Portugal ocupa a última posição no ranking de literacia financeira dentro dos países da zona euro. Apesar do baixo nível de literacia ser transversal a todo o país, um outro estudo, desta vez, do Banco de Portugal, constatou que há grupos em que esta é ainda mais baixa. As principais dificuldades estão entre as pessoas sem formação empresarial e com pouca experiência profissional, as mulheres e os estudantes com idade inferior a 30 anos.
Celebrando-se hoje o Dia Internacional da Mulher, focamo-nos a explorar as diferenças que ainda subsistem na forma como mulheres e homens têm acesso a educação financeira. Desde logo, constata-se que o índice de literacia financeira global das mulheres é de 55.5, encontrando-se abaixo do dos homens (61.7). Apesar de ainda não terem sido encontradas grandes explicações para estes dados, há alguns fatores preponderantes, como o nível de instrução e a falta de experiência na área financeira.
Historicamente, os homens sempre tiveram maior acesso à instrução do que as mulheres. Desde que passou a vigorar a escolaridade obrigatória, este panorama tem vindo claramente a mudar nas gerações mais recentes. Em Portugal, as mulheres já estão em maioria no Ensino Secundário (54%) e entre os diplomados do Ensino Superior (58,8%, em 2021).
Durante muitos anos, persistiu o estigma de que a área da economia e das finanças devia ser reservada aos homens. Desde logo, em casa, mas também em cursos de Ensino Superior e cargos profissionais que, nestas áreas, eram maioritariamente ocupados por pessoas do género masculino. Segundo um estudo de Sang Hee Sohn, especialista em Ciência do Consumidor, “a experiência financeira é relevante, porque o conhecimento a nível financeiro pode ser adquirido de forma mais eficaz quando os indivíduos estão em contacto ou têm de lidar com atividades financeiras”.
O fraco nível de literacia financeira acaba por ter impacto direto na vida das mulheres, uma vez que, as torna mais adversas ao risco.
E em Portugal… como estamos?
A Comissão Europeia divulgou um estudo, intitulado de “Financial literacy for investors in the securities market in Portugal”, que revela que os homens se sentem mais confortáveis em investir do que as mulheres – 30% das mulheres inquiridas não se sentem confortáveis em investir, enquanto apenas 17% dos inquiridos do género masculino dizem o mesmo.
No mesmo sentido aponta o estudo "Mulheres e Finanças", publicado em fevereiro passado, realizado pela Mastercard em doze mercados europeus, incluindo Portugal, com o objetivo de analisar a relação das mulheres de diferentes gerações com o dinheiro: mais de metade das mulheres entrevistadas (55%) considera ter poucos conhecimentos financeiros, sobretudo sobre investimentos (59%), tecnologia e aplicações de banca (34%), impostos (27%) e hipotecas (18%), sendo que globalmente, 50% refere ter conhecimentos básicos e 5% nenhuns. As razões referidas pelas mulheres inquiridas prendem-se essencialmente com o facto de fazerem trabalho extra não remunerado, como cuidar de crianças e idosos, decidirem ser mães a tempo inteiro ou dependerem financeiramente de alguém, além do facto dos homens ganharem salários mais elevados.
Mas o panorama é francamente otimista. O mesmo estudo revela que 84% das portuguesas inquiridas considera que a independência financeira é um objetivo prioritário nas suas vidas e sete em cada dez mulheres afirma ser mais independente financeiramente do que as mulheres da sua família de gerações anteriores.
Constatamos, assim, que apesar de continuar a verificar-se uma diferença significativa entre o envolvimento e o conhecimento das mulheres e dos homens na área financeira, há cada vez mais uma maior consciência da importância de combater estas desigualdades e de aumentar a literacia financeira das mulheres, em particular, e da população em geral.
A Fundação Dr. António Cupertino de Miranda orgulha-se de trabalhar diariamente para promover a INCLUSÃO SOCIAL DE TODAS AS PESSOAS, através dos diferentes projetos de educação financeira que implementa, para crianças e jovens e também para adultos, como é o caso do projeto “Eu e a Minha Reforma”, dirigido aos mais velhos.
Independentemente do género, da idade ou de quaisquer outros fatores, sabemos que, juntos, levamos mais longe a literacia financeira! Feliz Dia da Mulher!