Literacia Financeira: O Motor Silencioso para o Crescimento do PIB e a Estabilidade das Famílias

  • Publicado em 12 novembro 2025

Um novo relatório internacional sublinha uma ligação direta entre o conhecimento financeiro da população e a saúde económica de um país. O estudo "Global Financial Inclusion Index 2025" revela que investir na formação financeira dos cidadãos não é apenas uma meta social, mas um mecanismo concreto para impulsionar o crescimento do PIB e reduzir o endividamento familiar.

 

A Ligação entre Conhecimento e Economia

A análise, que cobriu 62 economias, é clara:

  • Impulso no PIB: Uma melhoria de 10 pontos percentuais nos níveis de literacia financeira pode gerar um crescimento adicional de 0,3 pontos percentuais no PIB num período de quatro anos. 

  • Redução de Dívida: Níveis mais elevados de literacia estão diretamente associados a taxas de incumprimento mais baixas e a uma melhor gestão da dívida por parte das famílias.

Isto acontece porque cidadãos com melhor formação financeira compreendem melhor os produtos que contratam, evitam o sobre-endividamento e gerem os seus orçamentos de forma mais eficaz. Este comportamento cria um círculo virtuoso: famílias mais estáveis e um sistema financeiro mais saudável, que pode, por sua vez, libertar capital para o investimento empresarial.

 

O Desafio Português

Estas conclusões são particularmente relevantes para Portugal, que apresenta um longo caminho a percorrer.

  • Rankings Europeus: Dados recentes (como o Eurobarómetro 2023) mostram que Portugal está na cauda da Europa, com apenas quatro em cada dez portugueses a dominar conceitos financeiros básicos.

  • Lacunas Concretas: O 4.º Inquérito à Literacia Financeira da População Portuguesa (CNSF/OCDE) identificou dificuldades específicas em temas como o cálculo de juros compostos e a diversificação de risco.

Estas dificuldades têm consequências práticas: sem compreender o custo real de um crédito ou o benefício de uma poupança a longo prazo, as famílias ficam mais vulneráveis ao endividamento excessivo, num contexto em que o crédito ao consumo continua a crescer.

 

Sinais Positivos no Futuro

Apesar do cenário atual, há sinais de esperança, especialmente entre os mais jovens.

  • Educação em Foco: Os dados do PISA indicam que 84,5% dos estudantes portugueses atingem o nível básico de literacia financeira, alinhados com a média da OCDE. A inclusão da literacia financeira nos currículos escolares começa a mostrar resultados.

  • Desafio Prático: Contudo, o mesmo estudo revela que os jovens portugueses têm menos contacto prático com produtos financeiros (menos contas bancárias ou cartões) do que os seus pares internacionais.

A necessidade de melhorar a literacia financeira não é uma questão estatística para subir em rankings. É, acima de tudo, um mecanismo concreto para melhorar a vida das famílias e fortalecer a competitividade do país.

Investir na formação financeira é, por isso, investir diretamente na estabilidade macroeconómica e na saúde económica nacional a longo prazo.