Literacia financeira: novas preocupações

Aos Museus está reservado um papel de vital importância para a transformação da sociedade e é exactamente através dos serviços de educação que os museus podem e devem ser, agentes dessa mudança imprescindível que os tempos de hoje reclamam imperativamente para a qualificação das pessoas, para a sua formação e informação.

A mudança de paradigma que se operou no conceito de Museu, a ideia da necessidade da democratização do acesso à cultura e o reforço do papel educacional dos Museus, fizeram com que o Museu do Papel Moeda acrescentasse à sua lista de prioridades, no âmbito da programação de atividades, programas para públicos seniores.

Os tempos de pandemia fizeram assim com que, cada vez mais, o Museu do Papel Moeda, se visse a si próprio a falar da sua atividade como agente de mudança social, de empreendedor social, que se sente com responsabilidades para com a comunidade.

A Fundação Dr. António Cupertino de Miranda e o Museu do Papel Moeda atentos a estes tempos de mudança adaptaram-se rapidamente, fazendo a transição digital de todos os seus projetos. E mais. Desde março que a Fundação tem feito enormes investimentos não só na adaptação digital do projeto de educação financeira para alunos e professores, através do projeto “No Poupar está o Ganho”, como deu início em setembro à implementação do programa para seniores “Eu e a minha Reforma”.

A falta de literacia financeira é reconhecidamente um problema social que inibe significativamente a qualidade de vida e o bem-estar de segmentos numerosos da população, como é o caso da população sénior, conduzindo-os a processos de empobrecimento e exclusão sociais. Combater o problema social do défice da literacia financeira entre a população sénior é uma prioridade premente, geradora de valor e impacto social positivo.

E merece uma reflexão nacional e urgente. São necessárias políticas públicas e programas transformadores.

Partindo deste enquadramento conceptual, a Fundação Dr. António Cupertino Miranda concebeu o projeto “Eu e a Minha Reforma”, o qual é inovador na medida que cruza dois eixos principais: a formação financeira e capacitação digital dos seniores. Dirige-se a pessoas com mais de 55 anos e está a ser implementado nos municípios do Gaia, Maia, Matosinhos, Porto, Santo Tirso e Valongo. Através de Laboratórios de Literacia Financeira, que ocorrem de forma presencial e online, os participantes aprendem a conhecer novos produtos financeiros digitais, a planear e gerir um orçamento, a resolver questões financeiras do dia-a-dia, a reconhecer a mais-valia dos seguros e também a evitar cair em fraudes (digitais e outras).

Os resultados que se pretendem alcançar trazem implícita a redefinição do envelhecimento. Implicam conjugar longevidade com capacitação e felicidade. Os seniores de hoje e do futuro têm de ser financeiramente mais informados e tecnologicamente mais competentes, para serem mais donos de si próprios. Programas com esta dimensão e complexidade não se desenvolvem sem fortes parcerias. A Fundação tem vindo a desenvolver estes projetos com vários parceiros e neles destacam-se a Associação Portuguesa de Seguradores, o Banco de Portugal e a Faculdade de Economia da Universidade do Porto.

O projeto “Eu e a Minha Reforma” é apoiado pela Portugal Inovação Social, através do Fundo Social Europeu.

Maria Amélia Cupertino de Miranda

Presidente do Conselho de Administração

Fundação Dr. António Cupertino de Miranda